A noite
E eu sigo, por mais uma noite, uma madrugada a mais, sem conseguir dormir. São inumeráveis muriçocas, incontáveis calores, incompreensíveis angústias. Insustentáveis saudades. Como poderei eu, num dia comum, num dia de repetições, modelos e lutas, não me ver um zumbi? É fato. Haverá um soluço no meio, pois que, quando não se contam os sonhos, faltam as poses, esvaem-se os risos, fica o cansaço. E já faz tempo, há tanto venho e vou assim, tentando, de repelente, trazer novos jeitos, frescas noites, ombros de acolher, luas de guardar. Nada. Continuo alérgica a mosquitos, mas não os odeio. Eles estão nos seus lugares, o meu movimento é que é alheio. Minha saudade é abstrata, meu medo é pluriexistencial. Mais de um, entulham-se, neblinas após neblinas quentes. Suores de intensidades várias, de espessuras adulteradas. Na honra de hora magnetizada e nostálgica, preciso acordar. De onde, se já nem tento? Por que, se não consigo? Devo pensar num acordo, isso de alumia...