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Mostrando postagens de março, 2013

A noite

E eu sigo, por mais uma noite, uma madrugada a mais, sem conseguir dormir. São inumeráveis muriçocas, incontáveis calores, incompreensíveis angústias. Insustentáveis saudades. Como poderei eu, num dia comum, num dia de repetições, modelos e lutas, não me ver um zumbi? É fato. Haverá um soluço no meio, pois que, quando não se contam os sonhos, faltam as poses, esvaem-se os risos, fica o cansaço. E já faz tempo, há tanto venho e vou assim, tentando, de repelente, trazer novos jeitos, frescas noites, ombros de acolher, luas de guardar.  Nada. Continuo alérgica a mosquitos, mas não os odeio. Eles estão nos seus lugares, o meu movimento é que é alheio. Minha saudade é abstrata, meu medo é pluriexistencial. Mais de um, entulham-se, neblinas após neblinas quentes. Suores de intensidades várias, de espessuras adulteradas. Na honra de hora magnetizada e nostálgica, preciso acordar. De onde, se já nem tento? Por que, se não consigo? Devo pensar num acordo, isso de alumia...

Oficina

O meu desconcerto não se vê no mapa, não se pode descrever, escrever, ler. O meu conflito e a minha confusão são meus, mas estavam ali, está tudo aqui. Eu estava inteira. Pude ver cada cor, cada gota, todo o suor do meu desbancado olhar ao te ver. Ah, você... E eu quis te dizer de tudo isso, do nada que nos separa, do ontem de tão perto, dos indizíveis tão distantes! E eu que sempre fui tão sua, que sempre soube o que dizer, só queria saber um pouco mais da sua rotina, ouvir muito sobre banalidades do dia-a-dia, trivialidades que só os ouvidos saberiam entender o porquê de soarem tão bem. Nesse hoje, há toda uma conspiração em mim. Mãos que não se controlam, mente e coração em conflito. A hora é de recuo, ponderações, voltas, idas de vidas alheias e distantes. Educação, riso polido, bons modos. Aprendi a ser boa nisso, às vezes. Mas não com você. Não agora. De saudade e de expectativas também se planejam os futuros, também se sonham os dias, também se especulam os am...

Relato de ausência

Amanha é meu aniversário, e eu já sobrevivi a mais um natal, a mais um ano novo. Eu não queria ter que sobreviver, melhor seria viver esse dia com você. Se eu sentisse o mar, se, ao menos, me fosse concedido mais um pedido, te pediria. Te perdoaria. Acaso alguém poderá me perdoar? Amor demais, vou indo. É preciso voar, respirar com o que se tem. E eu dou água, se é só isso, por ora, o que tenho. Nem falo mais de saudade. Essa já mora em mim há tanto, já é minha hóspede. Às vezes amiga, às vezes cretina, agora, nada, mas está aqui. Deixo, antes isso que o desamor, que o desatino, que a sobrevida de não mais haver sonho. Que venha a alma, salvei um pouquinho pra você. Não tenha pressa, apenas venha, com perfume e olhos, beijos de insônia, conversas de dois. Vida de um. E amor que nunca se acaba. Gilda.