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Mostrando postagens de setembro, 2010

Nota sobre um velho poema

"Hoje é um dia interessante, muito interessante pra escrever coisas novas no blog. Coisas velhas também. Coisas que mudam, coisas que morrem, coisas que renascem. Coisas que se perdem. O tempo, perverso, porém, não me deixa outra saída, a não ser escolher um poema antigo que, apesar de "velho", traduz um pouco dos sentimentos sobre essas coisas. Talvez, no verão, o tempo fique mais ameno e mais amigo, e me reserve um momento para escrever. Os sentimentos serão outros, é verdade. Não importa. Eu me lembrarei de hoje." Em, 23.10.2009 " Hoje o amor morreu Com ele, foi-se um pouco da poesia Que vivia dentro de mim. E sem o amor sem a poesia, não sou eu. Nunca mais serei a mesma. " Já faz um ano que escrevi esse texto, acompanhado do poema. Hoje, ao vasculhar meus rascunhos, pensando no que publicar, me vejo a contemplar esse novo-velho fragmento, que, de tão atual, merece ser postado. Espero que, no ano que vem, os ânimos sejam outros...

Jacaré

Um dia, ouvi uma música nova com rimas de aula e madrugada Das surpresas que não esperava, das músicas que não houvia, vieram as risadas que não dava e a saudade que não sentia. E desde esse dia, Sou poema novo Serenata, versos e vinhos Futebol, cerveja e cemitério (não me leve a mal...) Olho, não me enxergo Não vejo sala, quadro ou giz Em ti, broto, esqueci-me Não sou mais professora: Virei coruja-aprendiz. Gilda.

Antes do hoje

Sinto um vazio antigo Vejo a vida As cores e os amores As brigas Fico feliz Sorrio Enquanto bebo com os meus Esqueço Sei que esqueço Mas... Ai que me lembro E padeço Por quem já Quiçá Me esqueceu.

Onde andarás?

Sabe, Fiquei te esperando Te espreitando A te buscar em navegações suspensas Cores azuis, lilases, arroxeadas e pretas E de letra em letra De traço em traço Fui nos lembrando em poesia e verso Noite quente-frio, Risos de outrora Gosto de coisa grande Você, meu-só Tu não vens Eu não te vejo, não consigo te ouvir Ainda te sigo Te sinto E te espero Como agora.

Daquele olhar

Vejo uma esperança verde Pousada no azulejo azul Será? Quase vi um rabisco Pensei que era um borrão Mas não. Era ela. Verde esperança Inerte, Paciente, Expecta. Sorumbática, Ela olha Desdenhosa Para os inconscientes Nem me vê Nem me sente. Ausente, Espera Verde A felicidade Amadurecer. 20.10.09

Para Jérssica

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Estar aqui, nesse sol, nesse lugar... Muito calor! Muita saudade, muita vontade de não estar. Há a boa música, é verdade! Também, se assim não fosse, diria que tudo estaria muito ruim. Mas não está. Temos muito o que conversar, recordar, dividir, pensar. Muito ainda a sonhar. Em casa, no almoço, no telefone ou na internet. Há planos! O final de semana sempre promete, mas, da vida, estamos a esperar mais, muito mais do que farras e reggaes, beijos e amores vãos. Futuro feliz, bem-sucedido, com marido e filhos. Por que não? Pois é, minha cara! Sei que tenho lhe prometido um fragmento antigo. E sei também que já deveria ter saído... Mas há um bom motivo para que não viesse antes. Tu não eras minha! Não havia entre nós tamanha afinidade, tamanha sincronicidade como agora. Não é tão agora assim, convenhamos. Porém, é algo crescente e, já poderíamos dizer, inseparável. De mim, de você, de tudo o que temos dividido juntas. Antes, me era cara, claro. Algo como uma persona ligada a mim por outr

Lule, aniversário!

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Esse é um ano diferente, minha amiga! Não poderei te dar aquele velho abraço, nem tomaremos aquela cachaça de sempre. Não faremos muitas coisas hoje, é verdade. Mas algo eu tinha que fazer pelos seus 26 anos. E alguns tantos, muitos, de amizade. Então, que venha o bom e velho fragmento! Dizer que te amo, que você é a minha grande amiga já virou clichê. Tão simplório, que já é esperado... isso eu digo, claro, e direi sempre. Mas tenho ainda muitas coisas boas a dizer de ti, e de nós, em tantas afinidades e momentos divididos juntas. Que você é muito especial, muito linda, e uma grande irmã. Que sempre esteve e sempre estará do meu lado, e eu do seu, sempre, sempre. Que eu admiro a sua coragem, dentro da sua loucura organizada e perseverante. Que eu queria ser como você, em muitos dos seus melhores aspectos, e você queria ser um pouco de mim também. Juntas, somos completude, e nos tornamos um quê de sincronicidade inexplicável para os outros. Só para os outros... Acontece, minha cara, qu

Dias daqueles

Há dias e dias. Dias em que me vejo alegria, pomba multicor, a buscar água e comida em pratos alheios. Aí, leveza e paz me invadem. E vão além, muito além das asas puras e brancas do cortejo nos ares. Dias abóboras. Sol morno, em que pouso ver o vento, sem ida nem vinda. Ali, apenas. Calmaria em dias de maré baixa. Nesses, sou peixe-pena, nadando a esmo, em mim. Há os dias de granizo. Em tudo vejo cinza e breu; cores sóbrias, marrons tons tristeza, torrentes de cachoeira, pé d’água. Nesses, nem guarda-chuvas me servem. Ruins dias, ruins difíceis. Sou vira-lata molhado: sem abrigo, sem comida, sem amor. Ilhado em si. Dias de sertão. Amarelo-ouro, poeira e cachaça. Nesses, vejo carcaça velha e depenada. Nem carcará suporta tanta fogueira e fel. Não há, no céu, indícios de água. Sou burrego tísico, faminto. Só mato seco e sol. Só. E há os últimos. Dias como o de hoje. Música e poesia trazem o choro. E a irritação de humores maus. Há goteiras no banheiro, topada no dedão, cara feia, muxoxo

Do pôr-do-sol

O sol está se pondo na porta da minha janela na janela da minha garagem sem janela Olho através me vejo em cores tom pastel Naquela luz, naquele azul amarelado imaginando sons laranjas e ouvindo músicas de rock safra ruim Na porta da minha janela vejo lembranças de antigos sóis eram coloridos podia ver os lilases acobreados misturando-se às nuvens branco-cinza não havia chuvas nos arco-íris tudo o que eu tinha era a espera da lua nova depois do cravar do sol Ah! Tempos de luas de amores janelas abertas para bons sonhos de amanhã um dia me esqueci de mim e desaprendi ilusões Hoje, da janela da minha porta os olhos são os mesmos as vistas, porém, são opacas e todos os pores, por fim tornaram-se noites de escuro no breu de mim. Gilda Valente e Maria Russoleen, 28/08/2010.

Dele

Por que você me olha assim? Não faz isso... Eu o vejo, com a mão no queixo, Como que a me elucidar os pensamentos As agruras As angústias Ele nada me diz Não com palavras de voz Mas as palavras desses olhos Ai, esses, ardósia que eu tanto amo E desejo mais que morango com chantilly Apesar de nunca ter comido Aí, quando ele me fuzila E me prende profundamente Nesses vidrilhos verdes Tão verdadeiros Que quase penso serem meus E ele me vê Só a mim Como nenhum, ninguém Eu me sinto tão nua Tão sua que quase tiro a roupa pra mostrar meus peitos novos mas, eis que exito porque o seu olhar Que eu vejo em branco e preto não me pede sexo não me pede nada apenas me dá calafrios, o pensar e me deixa atônita, louca, calma alma, sã Mar. Ai, esse olhar, esse olhar...