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Mostrando postagens de 2010

It's just an e-mail

Eu te amo. E é uma pena, pra mim, ainda cultivar esse sentimento. Claro, há muito que vangloriar e sorrir. Mas hoje, há muito que lamentar. Lamento, então, toda a minha Saudade, Essa, com S maiúsculo, porque é ímpar, singular, peculiar. Eterna. Lamento toda a minha mágoa, que, por mais que tente, não consigo deixar passar. Você não passa. Renova-se a cada dia, a cada sonho, pesadelo à noite acordada. Lamento a minha tristeza de hoje. E de ontem, e do dia em que brindei os sete por três dias, e de você não tive nem a lembrança da nossa data. Lamento minha inveja, ao te ver sorrir, comprar brinquedos novos, brindar amores que não o nosso. Invejo as suas más companhias, porque não sou eu a estar te mal acompanhando. Lamento a minha raiva, a minha vontade de não te ouvir, não te atender, não te ver, não te querer. E imediatamente querer enlouquecidamente um segundo, que seja, de você. Lamento minha vontade. Ela é só minha, não vejo nada vindo de você. Pronto, virei o próprio muro das lamen

Para Musa

Vou te contar numa manhã de sol Que serei tua Contar a ti, a eles, a todos Que de todos os olhos os teus negros Me tomam e me levam longe E o teu riso tímido avisa Junto às formas todas Delicadamente traçadas A hora de parar E por que parar, se em ti me vejo tanto E não há o que temer Nem por que ir Não se deixa o infindo O inédito O surpreendentemente gostoso E lindo Descobrir, invadir a casa no banhar, E achar no recôndito quarto o despertar Do ser na varanda sol nascente, Celeste coloridamente melanciado à espera da degustação dos caroços Pingados em pernas cruzadas revelando o escondido O que me faz parar me faz partir Vejo tanto de ti em mim Temo a dor, o amar E assim por que não sei... Infinitamente desejarei o inédito O gostoso prazer de imaginar O ali, aqui, aí... (Em ordem de confusões) Zelina, Thais, Vinícius, Bibo. 04 dez. 2010.

Fragmento abertura do verão

O verão começou. Não é 2006, mas está tudo lindo e tudo certo como dois mais dois são cinco, e, enquanto isso... Estamos aqui, tomando uma breja para celebrar a estação do pecado. Desfrutar das tentações que nossa Bahia maravilhosa tem a nos oferecer, curtindo cada minuto como se fosse o último. E verão rima com Bahia. Que rima com delícias, feijão da Adelaide na Band, aquele jazz alemão-português, táxis e mais táxis de bares fechados, e mais dia e noite de abertura. Sem fechar. E é tanto, tanto que nem se pode pensar. É pecado e calor, é agonia e vento nos cabelos, bocas e bocas, e frio, e torpor. É isso, e eu nem quero pensar. Vamos fazer! Vamos estar aqui, e lá, e acolá numa frêmita extasia de buscar o que um dia foi saudade do que não foi... guardar pés alquebrados, banhados em barras madrigais que te afogam sem mar, ar... Então, o samba se faz presente, sempre, agora... ele te faz sorrir, esquecer, na verdade aquecer a lembrança do que foi vivido, o degustar do presente e o sabor

E se hoje fosse outro dia?

A casa varreria Dos amigos eu seria Do sofrer me escondia E assim eu serei... Como a noite sem fim Mergulhada ao silêncio das ruas Em notas cruas, vazias e acordes ruins Se hoje fosse outro dia Rimas novas escreveria Em versos e letras em que pudesse me ver Num novo e profuso voo De liberdade e porta aberta Sem amarras de um amor mal-lavado, mal-cheiroso, mal-acabado. Aliás, cadê meu espelho, onde nova me ver poderia? Ah, se hoje fosse outro dia, eu sim, poderia Renovada e refeita, Me ver e rever. No dia de outro tempo, Desmonte do pensamento, Surpesa em vermelho falhante De mulher mutante... Se fosse mesmo um outro dia... Eu reinventaria todo o meu ser Todo o meu eu Eu seria além de mim Um outro alguém que não você. "Fechou abertamente". Bibo, Zelina, Thais, Vinícius, Josy. 26.11.2010. Em Bin.

Das declarações e Constatações

Abre amor os teus braços, Deixa-me partir, Que eu quero fugir, ...Dos beijos teus, A noite é linda, E sorris para mim, Mas mesmo assim, Direi, adeus, Não, não me queiras prender, Meu doce amor, Do teu calor, Devo fugir, A madrugada, Vai em breve findar, E eu não posso ficar, Abre os teus braços, Deixa-me partir. Nelson Gonçalves Ganhei essa música, na madrugada de segunda, que ainda nem ouvi, mas dela me saiu um fragmento de amor, só de amor. O que sobra, de tristezas, são excessos, rompantes desnecessários, rotina dos meus dias sem você. E eu que estava, madura e sublimemente, a consolar-tes, meninas... Olha só quem é que está "triste e chorosa" agora... tsc, tsc... Ao menos estou feliz, pois que tenho, dele o amor, ainda que não o tenha. Dele, essa música, ainda que triste. De mim, a palavra, calma do meu ser. E esse, tão ímpar, fragmento de madrugada. E eu, ainda, tão repetida e inutilmente, apaixonada por você. Das declarações e Constatações Ah, meu doce amor, como podes,

Desencanto

Poema inspirado numa amiga chorosa e triste. Um dia passa! O poema, no entanto, fica. Ai, que choro. Dói. Sinto saudade. E ele nem era o amor da minha vida. Foi tudo passional Consensual um contra-senso. Que me importavam suas ex-de-agora, seus amores vãos? Que me dizem os violões arranhados, e os discos marcados de declarações vis? Ei me dei e me fudi. Agora, aqui me vejo, assim, a conter essa lágrima Essa súplica Esse pedaço de ti em mim. Nem sei por quê. Que pena. E ele nem era o meu grande amor. Que merda.

Sobre Deus e o Tempo dos amores

A ti, Amor, entrego-te ao tempo e o Tempo é Deus. Ele me quer bem, eu sei Me vê: nos Seus olhos, há súplica e um pedido de atenção no amarrar dos cadarços eu não vejo. Não consigo. No fundo, não quero. Só sei fazer e teimar à minha maneira O meu laço é frouxo, eu caio Ele chora: já sabia da minha queda, que não te deixaria, não consigo Te esquecer, Amor Meu Pai me olha mais uma vez, tão triste, E me vê tão pequenina, tão frágil e não me acha estúpida, apenas teimosa. Me pega no colo, me beija a face e diz baixinho: “- Vai, filha, errar mais uma vez. Eu estou aqui, viu? E eu te amo. Mas vai, erra. Cai. E aprende. Quando voltar, Te ensino o laço novo”. Eu, criança, não Lhe dou ouvidos. Só ouço o Agora, a minha Dor, a minha Saudade, maiores do mundo. Egoísta que sou, esperneio, choro, peço ajuda, faço birra, fico de mal. Meu Pai, infeliz, não se aborrece. Ele nada pode fazer, a não ser rezar e esperar o Seu Tempo, O Tempo de Deus, Agir em mim, Agir em nós. Thais. 11.11.2010 (conversando

Vida e morte

A gente faz poesia como quem vive Por vida, pelo belo, pelo amor, pelo sublime. Tudo, o tempo todo, a todo o tempo. Dorme, come, respira, transa, Briga, bebe e sonha poesia. Às vezes, de fato, de nada se tem vontade. E só ela, nossa, toda, bela, Nos completa, nos invade, nos alimenta. Com suas metáforas, metonímias, cataclismas linguísticos. Vamos nos enchendo e enchendo a tudo de poesia... E, se ímpetos de partida nos acomete, A gente faz poesia como quem morre.

Poesia para o sexo

Este poema é uma das primeiras produções do Penseiros do Quiprocó. Saudades dos penseiros!!! Transando comigo, contigo, Com você, Com ele, Só com ela. Queremos acabar todos nus no Pirâmide! Queremos noites de sexo De auto-carícias Palavrões Palavrinhas Coisinhas ditas E não ditas O silêncio falante Do desejo louco E voraz. Talvez toda essa pulsação para o sexo Venha do sábado “porque hoje é sábado”. Ou teria sido ontem E ninguém viu? Acontece que nada aconteceu... ...ainda!... Thais, Vinícius e Lule. 31. 08. 04

Nota sobre um velho poema

"Hoje é um dia interessante, muito interessante pra escrever coisas novas no blog. Coisas velhas também. Coisas que mudam, coisas que morrem, coisas que renascem. Coisas que se perdem. O tempo, perverso, porém, não me deixa outra saída, a não ser escolher um poema antigo que, apesar de "velho", traduz um pouco dos sentimentos sobre essas coisas. Talvez, no verão, o tempo fique mais ameno e mais amigo, e me reserve um momento para escrever. Os sentimentos serão outros, é verdade. Não importa. Eu me lembrarei de hoje." Em, 23.10.2009 " Hoje o amor morreu Com ele, foi-se um pouco da poesia Que vivia dentro de mim. E sem o amor sem a poesia, não sou eu. Nunca mais serei a mesma. " Já faz um ano que escrevi esse texto, acompanhado do poema. Hoje, ao vasculhar meus rascunhos, pensando no que publicar, me vejo a contemplar esse novo-velho fragmento, que, de tão atual, merece ser postado. Espero que, no ano que vem, os ânimos sejam outros...

Jacaré

Um dia, ouvi uma música nova com rimas de aula e madrugada Das surpresas que não esperava, das músicas que não houvia, vieram as risadas que não dava e a saudade que não sentia. E desde esse dia, Sou poema novo Serenata, versos e vinhos Futebol, cerveja e cemitério (não me leve a mal...) Olho, não me enxergo Não vejo sala, quadro ou giz Em ti, broto, esqueci-me Não sou mais professora: Virei coruja-aprendiz. Gilda.

Antes do hoje

Sinto um vazio antigo Vejo a vida As cores e os amores As brigas Fico feliz Sorrio Enquanto bebo com os meus Esqueço Sei que esqueço Mas... Ai que me lembro E padeço Por quem já Quiçá Me esqueceu.

Onde andarás?

Sabe, Fiquei te esperando Te espreitando A te buscar em navegações suspensas Cores azuis, lilases, arroxeadas e pretas E de letra em letra De traço em traço Fui nos lembrando em poesia e verso Noite quente-frio, Risos de outrora Gosto de coisa grande Você, meu-só Tu não vens Eu não te vejo, não consigo te ouvir Ainda te sigo Te sinto E te espero Como agora.

Daquele olhar

Vejo uma esperança verde Pousada no azulejo azul Será? Quase vi um rabisco Pensei que era um borrão Mas não. Era ela. Verde esperança Inerte, Paciente, Expecta. Sorumbática, Ela olha Desdenhosa Para os inconscientes Nem me vê Nem me sente. Ausente, Espera Verde A felicidade Amadurecer. 20.10.09

Para Jérssica

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Estar aqui, nesse sol, nesse lugar... Muito calor! Muita saudade, muita vontade de não estar. Há a boa música, é verdade! Também, se assim não fosse, diria que tudo estaria muito ruim. Mas não está. Temos muito o que conversar, recordar, dividir, pensar. Muito ainda a sonhar. Em casa, no almoço, no telefone ou na internet. Há planos! O final de semana sempre promete, mas, da vida, estamos a esperar mais, muito mais do que farras e reggaes, beijos e amores vãos. Futuro feliz, bem-sucedido, com marido e filhos. Por que não? Pois é, minha cara! Sei que tenho lhe prometido um fragmento antigo. E sei também que já deveria ter saído... Mas há um bom motivo para que não viesse antes. Tu não eras minha! Não havia entre nós tamanha afinidade, tamanha sincronicidade como agora. Não é tão agora assim, convenhamos. Porém, é algo crescente e, já poderíamos dizer, inseparável. De mim, de você, de tudo o que temos dividido juntas. Antes, me era cara, claro. Algo como uma persona ligada a mim por outr

Lule, aniversário!

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Esse é um ano diferente, minha amiga! Não poderei te dar aquele velho abraço, nem tomaremos aquela cachaça de sempre. Não faremos muitas coisas hoje, é verdade. Mas algo eu tinha que fazer pelos seus 26 anos. E alguns tantos, muitos, de amizade. Então, que venha o bom e velho fragmento! Dizer que te amo, que você é a minha grande amiga já virou clichê. Tão simplório, que já é esperado... isso eu digo, claro, e direi sempre. Mas tenho ainda muitas coisas boas a dizer de ti, e de nós, em tantas afinidades e momentos divididos juntas. Que você é muito especial, muito linda, e uma grande irmã. Que sempre esteve e sempre estará do meu lado, e eu do seu, sempre, sempre. Que eu admiro a sua coragem, dentro da sua loucura organizada e perseverante. Que eu queria ser como você, em muitos dos seus melhores aspectos, e você queria ser um pouco de mim também. Juntas, somos completude, e nos tornamos um quê de sincronicidade inexplicável para os outros. Só para os outros... Acontece, minha cara, qu

Dias daqueles

Há dias e dias. Dias em que me vejo alegria, pomba multicor, a buscar água e comida em pratos alheios. Aí, leveza e paz me invadem. E vão além, muito além das asas puras e brancas do cortejo nos ares. Dias abóboras. Sol morno, em que pouso ver o vento, sem ida nem vinda. Ali, apenas. Calmaria em dias de maré baixa. Nesses, sou peixe-pena, nadando a esmo, em mim. Há os dias de granizo. Em tudo vejo cinza e breu; cores sóbrias, marrons tons tristeza, torrentes de cachoeira, pé d’água. Nesses, nem guarda-chuvas me servem. Ruins dias, ruins difíceis. Sou vira-lata molhado: sem abrigo, sem comida, sem amor. Ilhado em si. Dias de sertão. Amarelo-ouro, poeira e cachaça. Nesses, vejo carcaça velha e depenada. Nem carcará suporta tanta fogueira e fel. Não há, no céu, indícios de água. Sou burrego tísico, faminto. Só mato seco e sol. Só. E há os últimos. Dias como o de hoje. Música e poesia trazem o choro. E a irritação de humores maus. Há goteiras no banheiro, topada no dedão, cara feia, muxoxo

Do pôr-do-sol

O sol está se pondo na porta da minha janela na janela da minha garagem sem janela Olho através me vejo em cores tom pastel Naquela luz, naquele azul amarelado imaginando sons laranjas e ouvindo músicas de rock safra ruim Na porta da minha janela vejo lembranças de antigos sóis eram coloridos podia ver os lilases acobreados misturando-se às nuvens branco-cinza não havia chuvas nos arco-íris tudo o que eu tinha era a espera da lua nova depois do cravar do sol Ah! Tempos de luas de amores janelas abertas para bons sonhos de amanhã um dia me esqueci de mim e desaprendi ilusões Hoje, da janela da minha porta os olhos são os mesmos as vistas, porém, são opacas e todos os pores, por fim tornaram-se noites de escuro no breu de mim. Gilda Valente e Maria Russoleen, 28/08/2010.

Dele

Por que você me olha assim? Não faz isso... Eu o vejo, com a mão no queixo, Como que a me elucidar os pensamentos As agruras As angústias Ele nada me diz Não com palavras de voz Mas as palavras desses olhos Ai, esses, ardósia que eu tanto amo E desejo mais que morango com chantilly Apesar de nunca ter comido Aí, quando ele me fuzila E me prende profundamente Nesses vidrilhos verdes Tão verdadeiros Que quase penso serem meus E ele me vê Só a mim Como nenhum, ninguém Eu me sinto tão nua Tão sua que quase tiro a roupa pra mostrar meus peitos novos mas, eis que exito porque o seu olhar Que eu vejo em branco e preto não me pede sexo não me pede nada apenas me dá calafrios, o pensar e me deixa atônita, louca, calma alma, sã Mar. Ai, esse olhar, esse olhar...

Remanescências

Estou pirada. Muito chateada, muito triste. E daí, se tenho amigas em Londres, se tenho amigas em Dias D’Ávila, se tenho amigas sem identidade? Eu não tenho cidade. Nem idade pra estar assim. Esse vazio, esse nó. Só. Esse “preciso não dormir”. Mas o sono me vem. Que nem saudade de outrora. Ora! Acaso me conheces?! Acaso sabe o caos de me ver nascer?! Remanescer... Dores de agora. Desejos de outrora. Não posso. Não devo. Não quero pensar em você. É. Há reciprocidade inevitável. Existe. Mas eu a nego. Não quero. Não deveria perder você. Nem você a mim. Perdi o freio. O frio veio. Você nunca mais veio... Nunca mais me verá. Nunca mais viverá em mim. Mesmo assim...

Desculpe

Eu não deveria escrever-lhe coisas tão hostis, tão agressivas. Perturbar-lhe com meu despeito e minha saudade. Eu, sinceramente, gostaria de dizer que faria tudo diferente. Mas não posso, porque eu não acredito nisso. Eu não consigo mentir. Não mais. Não tenho tantos sonhos, e os antigos andam a me abandonar esses tempos. A desilusão desse nosso fracassado enlace e doloroso desenlace talvez sejam os principais responsáveis, ou talvez eu tenha passado tanto tempo me preocupando com a não perda, a não mágoa e o não rancor, que acabei por me esquecer de amar. Não de amar no coração, mas na vida, nas práticas diárias das coisas mais simples e íntimas que podem duas pessoas dividir. Eu sou essa infame vil e descrédita, porque não soube te cativar uma vez mais. Ou uma vez. Egoísmos a parte, poderia acusar-te dos mesmos erros, mas, pra quê? Acaso mudaria a realidade do nosso tempo? Acaso aplacaria a cinza distância dos que sofrem e sangram pelos seus amores perdidos? Eu não tenho amores. Não

Dó ré mi

Poema de minha mãe, feito para mim, quando eu tinha três anos. Tanto coisa atual, tanta coisa verdadeiramente linda, que não haveria melhor presente de aniversário para os meus vinte e nove anos. Veremos, então, o que me esperam os meus trinta. Inocência linda e pura Nestes olhinhos miúdos Parte de mim Que já não me pertence Te dei ao mundo E ao destino E não posso sequer guiar-te à sorte Mas posso e vou caminhar Junto a ti, sempre. Não está mais dentro de mim, Não me pertence, mas é minha Vou estar sempre junto a ti E quando a mágoa Ou a dor afligirem Este teu coraçãozinho de anjo, Eu quero apertar-lhe a mão bem forte. Até a volta de um novo riso Destes dentinhos pequenos E que tanto te enfeitam a face. Dó, ré, mi Mais que três notas musicais Mais que um tom A continuação de um Bem. Roseri, 11.02.85 (23 anos)