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RAZÃO EM COISA ALGUMA

Faz frio, mas é diferente. É uma falta grande e doída, mas cheia de certezas. Ou, quem sabe, há razão nelas. Ou uma busca. Um dia pensei que o amor fosse absoluto e pleno, e tudo pusesse me dar, nos dar. Ledo engano! Gostar é bom, é bonito, talvez seja poeta, vire música, serenata e mesa de bar, (ou quase sempre, pelo menos...), mas não é o suficiente. Triste, não? Dá vontade de espernear, protestar, chorar alto, provar o não. Pura negação. Com o tempo e os dias vividos, trocados, doados, perdidos, muitas vezes traídos, sou obrigada a renunciar à esperança, à fé no amor. Hora de aceitar: não vim, não estou posta para amares. Nem amores. Waste of time. A razão é, sim, inegável! Não gasto, não gastarei mais força alguma para provar o contrário, e piorar tudo. Basta olhar onde se está. São as horas, ou os cabelos desarrumados? É a falta de sono, ou o amor nunca passou por mim? Ou pousou, sim, até demais, mas era pouco, tão pouquinho, que levou consigo vento, esse

ARMADILHAS

Eu fico passeando pela cozinha, indo da sala até o quarto. Não sem notar alguma coisa sua. Eu estou sempre faltando de ti. Abro a geladeira. Tem aqui um siri congelado, vou escolher minha melhor cebola, algum tomatezinho bem cortado, pimentões. E alho, porque eu adoro quando está fritando, cheirando bom. Qualquer dia desses penso que poderia preparar para nós, eu sei, você vai ficar com preguiça de ir buscar a bebida, mas eu faço bico e tenho a maior gentileza do seu afeto, não sem um afago entre uma birra e outra. Mainha me trouxe aqui um sofá velho, aquele, lá de casa. Está todo acanhado entre a minha mesa, meus lápis e minha brisa de janela, junto com essa lua de unha que, de quando em vez, me deixa saudosa e nostálgica. E virá, em domicílio, um senhor que vai arrumá-lo pra mim, deixar tudo novo em folha. E eu juro que até ouço o seu esparramar e a sua euforia quando dos nossos filmes, da minha novela juntos, dos seriados, e dos velhos novos beijos cheios de zoada e risos.

É TEMPO?

Eu juro, eu poderia te ver, agora, nesse escuro. E seria bom e lindo, porque o seu sorriso alumiaria a tudo, traria a música, encheria meu coração tão triste de amor e paz. Eu estou com sono. E deixaria esse sorriso, esse amor, para amanhã, se pudesse, mas não. É tempo! Eu preciso de um alento de você. Não espere! Venha, então, de pouquinho em pouquinho, na minha alma de saudade, de um sopro de pensamento! Eu sei bem o que eu quero de ti, amor. O meu tanto sempre será desmedido, sempre será muito. Eu nunca soube ser rasa, ser beira, ser chão. Ou vou com muito, ou perco o ar, ou não posso, não consigo ir. Mas você nunca soube lidar com o mergulho, nem aos sábados. E hoje, que é ainda terça, você será capaz dessas montanhas comigo? É tudo tão lindo, eu preciso te mostrar! Mas está frio, por isso não se atrase. Eu tenho calor de sobra pra nós dois. E tu jamais ficará sozinho novamente. Não me preocupo com a sua solidão, amor. Aqui, em mim, está tudo tão transbordante que tu sempre

DOS EXTREMOS

E eu já disse isso da outra vez. Os dias vêm, e a dor se vai um pouco menos. Um pouco no mais. O meu disco não sabe cantar outras músicas. É tudo usado. E de onde vem essa contagem doida de cinco milésimos, essas semanas, um infinito de mês, mais um dia, 324 horas e mil minutos sem ti? Feliz aniversário, dor. Uma vez uma amiga me perguntou: “ainda está contando? Quando parar, é porque já está indo”. Cadê, que não foi? A mentira era minha, ou o erro era dela? Viver de um momento. Essa rasgou. De todos os seus, você me deve aqueles. Os dias brancos da sua vida foram meus. E eu, cá com os pretos, por ora, também. E o meu depois não é nenhuma queixa, nem nada. Sou eu, me sentindo imunda no meio desse lixo de lembranças, e dessa sujeira de ontem. Por que não era pra ter sido assim, mas eu não consigo limpar nada ainda. E eu me venho de polos cíclicos, mas fajutos, pois que não levam coisa alguma. Pra que, então, essa troca de favores, se eu detesto pedras, e esse ve

MAL-ME-QUER

Horas e horas de um desassossego qualquer Tudo me vem na inquietude das manhãs Já solicitei o sol Mas qual! Não há, sequer, a necessidade de nuvens Inútil. Só tenho o bem-me-quer da chuva. Gilda e Aion. 06.09.2013

KEEP OUT

Olhando, ninguém diz Ali vai uma saudade De longe, não se sabe Aqui vive um amor Que fome, que pele, aos quantos? Um rasgão! Chega perto! Vê! Mas, cautela: às vezes morde. GIlda. 05.09.2013.

SETEMBRO

Um preparo pra dormir. Há sempre um quê de resistir, e isso me é antigo. Algumas vezes, comédias românticas me deixam saltitante, sorridente, mas, nessa noite, trouxe um misto de saudade e agonia. Um incômodo, uma onda de não me encontrar nas coisas de mim. Às vezes, acontece. Vou checando tudo: findo a noite, inicio a madrugada. Já lavei pratos demais, esses, ficarão felizes e limpos no amanhã. Corro pro varal, roupinhas úmidas, inclusive meu tapetinho de quarto. Ai, que me deu um aperto... que é de ti, meu tapete, no pé da cama?... até meus pezinhos gelados estão sentidos. Que coisa, saudade por causa de um tapete molhado, velho, outrora imundo! Que isso de sentimentos? Essa de saudades tolas me dizem: comecei o meu setembro melhor de coração, boa de melancolia, indo, de leve, de nostalgia. Mas é isso, um bom ciclo se fecha, mais um, deixa o rancor e a negação daqui pra antes! Vejo tempos de aceitar, de caminhar mais brisa, mais vento... não sem doer, mas com um gosto

AINDA

São duas horas. E são também seis. E eu não sei o que fazer com isso. São muitos eus de silêncios, e gritos de sopros contidos, para, de um sim, de uma saudade absolutamente vã, de uma pseudossaudade, tudo se bagunçar. Tudo relativizar. Eu não quero o descontrole, tampouco o antes. Que se fodam os egoísmos alheios! Quando me eram cólicas de rouquidão, não se ouviu um talvez sequer. As certezas eram surdas. E todas suas. E todo mundo acha bonito quando o refresco é dos outros, mas em mim, não. Isso de injustiça e de confusões que fiquem por lá, e sabe-se lá onde. Ou de quem. E dos porquês. Nem hei de interessar-me pelas agruras e mimos de ti. A mim não couberam apenas as lágrimas madrigais? A insônia fastiosa, resultado desse amor inútil? Por que, logo agora, essa modernidade repentina de indivualismos pueris? Acaso estou num bufet, num salão, bandeja à mostra? O abacaxi bom todo mundo quer. Mas aquele, de ontem, que ainda lateja, o podre, esse, ficou só comigo. Eu

BALANÇO

Saudade do tempo em que eu te dizia orações, todos os dias, antes de dormir, ao longe.  Você não se ia. Por mais que eu te ame, por mais que eu te deseje e sinta a sua falta, meu amor é outro. Jamais serei a mesma. Você levou meu melhor tempo, meu maior sonho, meu futuro de planos. Hoje, tudo que tenho é prático, tudo que vejo se conta. Prós e contras. Não caibo mais em balança desigual. O tempo dos amores se foi.  Caio na real: você jamais será meu de novo. Poxa... mas sonhar você era tão bom! Que vida tenho? De que viveremos? De caminhadas duras e de cinzas. E não se pode lamentar, tampouco há o que agradecer por isso. Apenas foi, passou, perdemos o barco, pegamos um navio. Ou foram aviões, de tão rápidos? Mal vi o caminho, nem sei da viagem! Se pudesse, recuava, te roubava, descíamos juntos, em pleno voo. Não perdia a sua mão. Nunca tive coragem pra ultraleve, asadelta, paraquedas. Preferia que estivéssemos quebrados. Ainda dói!  Defeitos irreparáveis, troc

DEPOIS

E a lua está tão linda, redonda, imponente, amarelada E não há nada de diferente nisso. Nem as unhas. E há também a noite, como todas as noites, cheia de estrelas E frias, e minhas. E há também as nuvens, e as chuvas, E mesmo quando elas se vão, Ainda assim, elas sempre estão. Estarão. E amanhã, também, haverá o sol, E há um biquíni novo. E pode ser que não dê praia, Não tem problema, mais cedo, mais tarde, dá. E todo mundo vai ao sol Não importa quem seja todo mundo Nem em que ano estamos. E outros amores serão vistos E outros casais serão de outros E haverá sempre uma mesma música E se verá novos amigos, novas cores, Novos beijos. Ainda que não seja o mesmo tempo, Sempre há de haver rumores E verões flores e  luas E tudo há de acontecer ainda. E tudo permanecerá igual Tudo continuará acontecendo E tudo acabará indo E vindo. Só tu, não. Gilda. 24.08.2013.

ACHARES

Sabe o que eu acho? Eu consigo conviver com isso por muito tempo. Isso de faltar o ar ao ver o seu perfume sutil por entre os meus pés colados, imóveis e ímpares. Eu consigo sobreviver a dias e dias e vazios de fome sem você. Essa casa, tão grande, cheia de sombras e vultos, todos seus, a rir e a praguejar um futuro triste e sem paz. Eu? Ah, posso acordar no meio da noite, por todas as vidas que acordei sem ti, suando e chorando o medo de não mais ser lembrada em versos que jamais serão meus de novo. Posso ser, cantar outra música, outra doçura de um prazer inato e sutil, tão inerente a nós, e ao que teremos sido um dia. Deus sabe, prova cabal e fiel, de que poderei caminhar por mim só, trôpegas pernas, ainda que seja por um motivo frustrante e sem natureza alguma, por tanto e tanto tempo... Sim, subirei ao altar, ainda que seja um altar triste e sem ti. Mas vou. Posso me ver entre as nossas paredes, jornais, imagens, sorrisos e rabugentices p

UMA CARTA INSENSATA

A todo o tempo, se eu pudesse, escreveria algo. A minha cabeça está o tempo todo pensando num novo fragmento, sobre um monte de temas e assuntos. E em tempos de perdas essa minha vontade de escrevinhar coisas fica mais aguçadinha, e eu só queria que isso desse algum dinheiro, mas não. Serve, e muito, pra dar uma desafogada nos quereres e nas saudades. E só. Sim, porque são muitos! Alguns doem mais, outros, já nem tanto. E tem os de sempre, os de todo dia. E a minha sensibilidade hoje me aguçou pra umas lembranças boas. Trouxe umas imagens de um tempo que poderia ser trazido de volta se houvesse mágica capaz. Por mim, traz, com menos idade e mais chocolate, e um quê de madrugadas, insônia, sexo e tudo. Foi um tempo de escolhas puras, e de coração entregue como jamais será novamente. Pois é, eu não tenho mais vinte e poucos anos... Um dia me chamaram de poeta da saudade, e eu não tinha entendido se era elogio ou crítica, mas importa que coube, encaixou, porque eu vivo e morro sent

O SONHO, O AMOR

Hoje eu te vi num sonho. Não foi nada comum. Foi um sonho do passado. Eu estava no seu passado, mas eu era dos tempos de hoje. E eu sabia. Mas, por algum motivo, por alguma graça, me foi concedido voltar. E te ver. Eram outros séculos. Outra casa, outra vida, outras pessoas. Que tempo era aquele? Em algum momento, pensei ser o século XVII ou XVIII, porque me vi com vontade de vestir aqueles vestidos pomposos, cheios de espartilhos e meias. Eu me preocupava com isso, porque ninguém podia desconfiar do meu tempo. Queria estar inserida, pra que, principalmente você, não percebesse que havia algo errado. Mas você ainda não tinha surgido. Me vi numa casa grande, antiga, colonial. Era uma casa boa, tinha muitos cômodos, muitos vãos, criados. Não era a Bahia, era o Rio de Janeiro. Você morava nessa casa, com seus pais. Havia muitos amigos que frequentavam esse ambiente. E era também perto da praia, como se fosse o centro da cidade. Tudo muito antigo, um Rio que eu não conhecia. Tudo

VISITA

Uma borboleta, no meu quarto, a essa hora? Bem se vê. Está mais insone do que eu. Mas por que, se tens o seu céu? Se tens o voo das luas pequenas? As pessoas sofrem. Eu morro. Um dia a mais, uma dor a menos. Está tudo bagunçado: há um quê de fora de lugar, minha cara Estás longe das asas diurnas! Temos o mesmo desencontro De mãos e patas de apertos vãos Tenho fome de manhãs lisas E de madrugadas melhores E tu? O que é de comida? Acaso me trazes algo Ou tenho eu que repartir o pão que não tenho E a água que perdi? De azuis e furta-cores também se constrói uma casa triste. Se sobrevivermos a hoje, será um milagre. Gilda.

O MURO

Putaria de vida, isso de merdas e escolhas. Sabe, esse andar em círculos já me encheu, já deu. Não quero mais me sentir assim , meeira, meio lá, meio cá. Não vê que não estou em lugar algum?! Já é hora! Anda! H ora de cortar, radicalizar, parar de cair, de recair. Senão... não passa. Volta. E hoje eu me vejo nessa angústia voraz, com medo e tudo, sem luz e nada, minha respiração mal sai. Peço o ponto. Eu fico na próxima rua, naquela esquina, diante do meu muro labiríntico, anedótico, dual, cinza. Estará roto? Apois. Nessas horas, as cores se esvaem. Hora de que, doutora? Dia de monte, mês de anos, minuto de lágrima. Suspende! Engole! Já é hora! O murro nem dói, nem sei se bati de novo. Eu nem caí! Eu andei? Por onde fui dessa vez?! Que lugar é esse? Acordo. Me vejo, sou um se, de frente, olhando pro alto. Dou um pulo, trepadeiro, busco uma nova sacada. A próxima vai longe... há de vir, antes, a droga de cura. Doído, sem sabotagem, cheio de necessidade e âns

A noite

E eu sigo, por mais uma noite, uma madrugada a mais, sem conseguir dormir. São inumeráveis muriçocas, incontáveis calores, incompreensíveis angústias. Insustentáveis saudades. Como poderei eu, num dia comum, num dia de repetições, modelos e lutas, não me ver um zumbi? É fato. Haverá um soluço no meio, pois que, quando não se contam os sonhos, faltam as poses, esvaem-se os risos, fica o cansaço. E já faz tempo, há tanto venho e vou assim, tentando, de repelente, trazer novos jeitos, frescas noites, ombros de acolher, luas de guardar.  Nada. Continuo alérgica a mosquitos, mas não os odeio. Eles estão nos seus lugares, o meu movimento é que é alheio. Minha saudade é abstrata, meu medo é pluriexistencial. Mais de um, entulham-se, neblinas após neblinas quentes. Suores de intensidades várias, de espessuras adulteradas. Na honra de hora magnetizada e nostálgica, preciso acordar. De onde, se já nem tento? Por que, se não consigo? Devo pensar num acordo, isso de alumiares

Oficina

O meu desconcerto não se vê no mapa, não se pode descrever, escrever, ler. O meu conflito e a minha confusão são meus, mas estavam ali, está tudo aqui. Eu estava inteira. Pude ver cada cor, cada gota, todo o suor do meu desbancado olhar ao te ver. Ah, você... E eu quis te dizer de tudo isso, do nada que nos separa, do ontem de tão perto, dos indizíveis tão distantes! E eu que sempre fui tão sua, que sempre soube o que dizer, só queria saber um pouco mais da sua rotina, ouvir muito sobre banalidades do dia-a-dia, trivialidades que só os ouvidos saberiam entender o porquê de soarem tão bem. Nesse hoje, há toda uma conspiração em mim. Mãos que não se controlam, mente e coração em conflito. A hora é de recuo, ponderações, voltas, idas de vidas alheias e distantes. Educação, riso polido, bons modos. Aprendi a ser boa nisso, às vezes. Mas não com você. Não agora. De saudade e de expectativas também se planejam os futuros, também se sonham os dias, também se especulam os am