Das declarações e Constatações

Abre amor os teus braços,
Deixa-me partir,
Que eu quero fugir,
...Dos beijos teus,
A noite é linda,
E sorris para mim,
Mas mesmo assim,
Direi, adeus,
Não, não me queiras prender,
Meu doce amor,
Do teu calor,
Devo fugir,
A madrugada,
Vai em breve findar,
E eu não posso ficar,
Abre os teus braços,
Deixa-me partir.

Nelson Gonçalves

Ganhei essa música, na madrugada de segunda, que ainda nem ouvi, mas dela me saiu um fragmento de amor, só de amor. O que sobra, de tristezas, são excessos, rompantes desnecessários, rotina dos meus dias sem você.

E eu que estava, madura e sublimemente, a consolar-tes, meninas...
Olha só quem é que está "triste e chorosa" agora... tsc, tsc...


Ao menos estou feliz, pois que tenho, dele o amor, ainda que não o tenha. Dele, essa música, ainda que triste. De mim, a palavra, calma do meu ser. E esse, tão ímpar, fragmento de madrugada.

E eu, ainda, tão repetida e inutilmente, apaixonada por você.


Das declarações e Constatações


Ah, meu doce amor, como podes, ao longo do tempo, emocionar-me, em tantos altos e baixos, ora em felizes, ora em cruéis palavras? Mata-me, amor, a cada amor que vem de ti, e a cada ódio desvelado, deslavado e desumano que confundes, em vão, em mim. Acaso esquecestes que é de Deus a dávida do perdão? Então? Por que não fugir uma vez mais, encontrando-nos, o outro no um, como outrora?

Ah, eu que fui a sua flor, o seu castiçal, o seu mais puro deleite daquelas noites vãs... Hoje sou um lembrar doído, um fantasma, uma sombra de saudade, um pranto tristonho do que um dia, em ti, fui tão feliz.

E de amor em amor me vou, e de ódio e perda fico-me, a soluçar a nossa saudade, a sentir o teu abraço, olhos fechados, o velho cheiro de pele e mar, tão peculiares de ti. E a desejar-te baixinho e fundo, tanto que quase enlouqueço. Desoriento-me. Hei de renegar-me, embora não aqui.

Imploraria, se pudesse, bem sabes que sou dessas. Se soubesse, ao menos, que ouvirias o meu lamento, setenta vezes sete o repetiria, das mais possíveis formas e jeitos. Com tréguas de beijos e cabelos de cortinas, entre tantas e tantas criativas loucuras. Só pra te cantar uma vez mais, em vozes de Roberto e Bethânia, Nara e Chico, e muitos, muitos outros. Só pra, de vez quando, nos ver sorrir de novo. Acreditar nesse possível é abrandar a dor. E te pedir, daquele jeito, pra ficar, e nunca mais se ir de mim, é apenas um sonho vil.

Porque foste tu, meu bem,

O desalento da minha longa madrugada,
Desassossego dos meus infinitos dias,
Tristeza da minha alma,
Saudade de todo sempre,
Amor da minha vida.

E eu não sei, perdão, o que fazer com isso...

Comentários

  1. PQP... Eu mesma me comento. Este texto está lindo demais! Cada vez que leio e releio, uma lágrima teima em pingar no meu rosto... Que onda...

    ResponderExcluir
  2. Pois é, Mô... ainda perco tempo com essas coisas. Sabe que até já me arrependi dessa merda que escrevi? Eu sou uma grande idiota mesmo... Só não vou tirar porque, de fato, é lindo.

    ResponderExcluir
  3. LEndo e relendo. Lindo. Como diria meu amigo Aion: "uma das coisas mais bonitas que já escrevi". rs.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pressa

Carta a um penseiro

Meu nada novo ano ou eu gostava mais da gente antes