Rotina



Dormi mal. Acordo com sono ainda, não fiz almoço, não deu tempo, bebe água, Jérssica! Tá melhor? Ai, que frango cheiroso, queria, mas... tenho que correr! E o natal? E o carnaval em Natal? Preciso comprar passagens. Lavo ou não lavo o cabelo? Estou atrasada, sempre atrasada, nenhuma roupa me cabe, essas meias estão sujas, as minhas são mais grossas. Cabelo lavado, vinte minutos, não tenho tudo isso, vixe, acabou o reparador, meu cabelo vai ficar um cu. O bus sai 12h, tenho que correr! Será que Cris vai? Tchau, Jérssica! Corpo todo doído, eu não aguento nem uma caminhada, dez voltas andando, uma meia correndo, e eu, toda entrevada hoje, vai doer pra subir arquitetura, doeu pra descer a Poli. Nossa, que calor, que calor! Dá pra ver uma pontinha do mar, mas o céu está meio embassado, como naqueles dias de Ilha do Governador, tempos atrás, gosto mais quando está bem azul, preciso prender o cabelo, mas esqueci, ou não lembrei, Zelina não me deixa dormir, mil dúvidas de inglês, não sou boa nisso, e daí, se o pai de Norah Jones morreu, gosto dela, “come away with me in the night”, almoço leve, aquoso, que sede, quero água, como é que pode faltar gelo no suco de laranja, sem açúcar, por favor, isso não é justo! O misto seco pediu líquido, tomei um suco de cinquenta centavos, só tapeou, frutas no almoço, água! Quero água! Acabei comendo demais, tomaria até um café, mas tá tão quente, que calor, deve ter gordurinhas, que nada, mais caminhada, preciso queimar essa barriga, natal no carnaval, de praia em praia, camarão, caranguejo, filé de tilápia, lagosta, todo dia, lá eu tomo roska, sou mais de beer, Luis Navarro, cais 43 e saudades de dizer ao penseiro que fui a mais lugares que ele, ultraleve não, aí já é demais, esse ano não vou ver a saída do Ilê, Juli, preciso de um carnaval diferente, voltar preta e magra, dar um tempo, pensar no amor, no não-amor, hoje tem evangelho? Tem, Beto, sete e meia, mas eu não vou, to indo pra aula, ah, a negona vai pra festa? Que bom, sábado tem reunião, não gostei da exclusão elitista de alguns, não sou dessas. Morfologia histórica, semântica morfolexical, e essa professora não me dá a mínima, que pena, achei ela massa, história da língua portuguesa, artigos neutros, palavras sem sexo, sem nexo, herança dos gregos, dos povos árabes, latim que vira português, primeira-segunda-terceira fase, normatização a partir do sec. XVI, muito importante, antropônimos estranhos com A, G, Agildo, Godofredo, Gilda, Geraldo, ei, que loucura! Dia cheio, cheguei em casa, finalmente. Meu Deus, as passagens, será que consigo comprar ainda hoje, quero continuar a caminhar na praça, tô muito gorda, chego tarde, bebe água, Jérssica, loucura, estou exausta.

Ah... mas eu tive um sonho tão bonito com você...

Gilda, 12.12.13

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