Unlove



Eu nunca quis tão e tanto ficar sozinha como agora, tenho raiva de gente, desaprendi sorrisos. Exausta de ser bem quista, gente boa, bons conselhos. Quero me esconder, muito, quisera houvesse um jeito de ficar invisível, não do tipo amanda, "eu só existo pra te fazer feliz". Não, isso não. Cansei de existir, quero ficar só comigo mesma, estou farta das condolências alheias, mainha, por favor, me deixe! Por isso os óculos escuros me caem, me cairão tão bem.
Tenho que sair, tenho que correr, me escondo, impossível não ser vista. Minhas lágrimas não são sociais, choro, sim, porque acho bonito, acho maravilhoso, não está vendo que estou ótima, bem, claro, quem não está?! Não, não quero barrinha de cereal, quero silêncio, minto, obrigada. Preferia que não me vissem, ninguém gosta de gente triste, parei de compartilhar minhas dores. Não é por isso que eu choro, nem é por você. Ontem, desesperada, perguntei pelo amor. Entrei pela porta, procurando o amor. Tinha saído pela janela.
Ninguém sabe como, ninguém tem respostas-verdade. São só clichês, e, disso, estou farta. E também não quero mais entender porra de nada, caralho nenhum. Das juras, mal ouço. Às vezes, é, sim, melhor ser surda, Josi. Eu sei o que é quase morrer de amor. Sei da ausência insuportável, latente, de não dormir, de não se consumar nada, em lugar algum, em coisa alguma. Jejum de tudo, vários nós, e o corpo já vai indo, porque sempre é preciso ir. Eu sei bem o que é não ter fé, não ter água, coragem, paciência, sono, fome, não-sono. Já vi tapas loucos, gritos, livros no chão, roupas rasgadas, drogas e bocas. Outros mundos, projeções, voos, viagens de sonhos. Vi velórios, como é que Deus é bom desse jeito, vi a raiva e a descrença de dias em vão. Não se morre, eu sei. Amor eu sei o que é, posso até não saber também, mas essa bosta não é amor. É só essa coisa, essa merdinha ridícula e patética que você inventou, ah, isso, o amor não é.
Como pude?! Tenho vergonha, um dia vou me pedir desculpas. Poxa, Gilda, foi mal, nem sabia o que era isso, achei que era bom, deixei você sozinha... sorry.
Os meus hojes não são bons. Ao menos, não são mais seus. Os meus ontens, um dia, foram? Aos hipócritas, desejo o fim. Aos felizes, morte. Pobres, tristes, não sabem ser, apenas são. Que pena.
Minha cama que me cuide, by the way. Whatever.
Até gosto de sol, poesia, músicas e luas. Mas esse analgésico, esse mar estão confundindo tudo.
Nos meus sonhos, vou mandar você se foder.

Comentários

  1. até que vá, deixe o "foda-se" ligado mesmo! to do seu lado, mesmo quando você tá errada! e não seja surda, que dá menos fragmento, no fechar e dividir das contas, as sensações dos fins é que são inspiradoras.
    também fadiguei de gente, de mal entendidos, de falsidade, de rejeição...
    vamos tocar fogo em roma e dançar na babilônia! as gentes que quiserem, tomem nos cus!
    pronto, aproveitei e liguei o meu também!

    ResponderExcluir
  2. "Entrei pela porta
    procurando o amor
    tinha saído pela janela."

    E faz, Gilda, seu primeiro haicai
    :)

    ResponderExcluir
  3. Muito bom,as palavras se encaixam tão bem,trazendo os sentidos uma para as outras.Legal,espero um dia ser como vc uma poetisa com grandes talentos,onde sabe aproveitar os momentos certos pra compor grandes poemas.Sulamita Mota

    ResponderExcluir
  4. Obrigada, minha linda! Você JÁ É uma poetisa, deixe de besteira. Fique à vontade por aqui, e seja bem vinda! Beijos.

    ResponderExcluir
  5. Zuri? Ahammmm.. rs
    E eu, continuo dizendo.. "É melhor ouvir certas coisas que ser surda."
    E mantenha o foda-se ligado mesmo. O botão de desligar do meu quebrou, quem quiser que venha!
    Gostei do haicai.
    Lembranças de Jauá.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Pressa

Carta a um penseiro

Meu nada novo ano ou eu gostava mais da gente antes