É TEMPO?

Eu juro, eu poderia te ver, agora, nesse escuro. E seria bom e lindo, porque o seu sorriso alumiaria a tudo, traria a música, encheria meu coração tão triste de amor e paz.

Eu estou com sono. E deixaria esse sorriso, esse amor, para amanhã, se pudesse, mas não. É tempo! Eu preciso de um alento de você.

Não espere! Venha, então, de pouquinho em pouquinho, na minha alma de saudade, de um sopro de pensamento!

Eu sei bem o que eu quero de ti, amor.

O meu tanto sempre será desmedido, sempre será muito. Eu nunca soube ser rasa, ser beira, ser chão. Ou vou com muito, ou perco o ar, ou não posso, não consigo ir.

Mas você nunca soube lidar com o mergulho, nem aos sábados. E hoje, que é ainda terça, você será capaz dessas montanhas comigo?

É tudo tão lindo, eu preciso te mostrar! Mas está frio, por isso não se atrase. Eu tenho calor de sobra pra nós dois. E tu jamais ficará sozinho novamente.

Não me preocupo com a sua solidão, amor. Aqui, em mim, está tudo tão transbordante que tu sempre me sentirás em ti.

Me importo mais comigo: o meu vazio é grande, é infame, mesmo quando tu, comigo, estás. Mesmo quando estás dormindo, e eu te vejo, como agora.

Acaso são meus os sonhos que vão por aí, a voar de ti? Como jamais saberei, morrerei angustia, saudade e amor. E continuarei tão só, e tão cheia ainda.

Te olho mais uma vez: peço, inútil, mais uma mão, mais um olhar. Aqui mesmo, que me importa se já é tarde, se tens sono, se há o escuro, pois que isso acalentaria o meu coração?

Nada. Tudo dorme com você. Eu te cubro os pés. E sorrio.

Choramingo, e sigo, menos vaga, menos triste, porque te dou tudo. Dou a mim, inteira. Insana, tempestade e mar.

Te esquento. Mas estou fria.

Dorme bem, meu amor.

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