SETEMBRO
Um preparo pra dormir. Há sempre um quê de resistir, e isso me é antigo. Algumas vezes, comédias românticas me deixam saltitante, sorridente, mas, nessa noite, trouxe um misto de saudade e agonia. Um incômodo, uma onda de não me encontrar nas coisas de mim. Às vezes, acontece.
Vou checando tudo: findo a noite, inicio a madrugada. Já lavei pratos demais, esses, ficarão felizes e limpos no amanhã. Corro pro varal, roupinhas úmidas, inclusive meu tapetinho de quarto. Ai, que me deu um aperto... que é de ti, meu tapete, no pé da cama?... até meus pezinhos gelados estão sentidos.
Que coisa, saudade por causa de um tapete molhado, velho, outrora imundo! Que isso de sentimentos?
Essa de saudades tolas me dizem: comecei o meu setembro melhor de coração, boa de melancolia, indo, de leve, de nostalgia.
Mas é isso, um bom ciclo se fecha, mais um, deixa o rancor e a negação daqui pra antes! Vejo tempos de aceitar, de caminhar mais brisa, mais vento... não sem doer, mas com um gosto de cura.
E, quando menos espero, eis que o tempo me dá presentes! Passar naquela rua, por aquela esquina, já me tirou o ar, o sono, tantas e tantas vezes. E eu que cheguei a imaginar que nada poderia ser bom, que tu não irias passar. Nunca.
Não, disso, eu não morri. Vivi! Vez em quando tu me vens num sonho bom; agradeço, te mando luz no meu cantinho de riso, e me vou. E essa esquina agora me traz novas saudades.
Não se morre, se muda! Se colhem maturidades e aprenderes no depois. Decerto que ainda não, mas sim, ora vai, ora fica, indo um pouco aqui, um choro ali, menos melodia no ar, some aquele abraço, vai aquele momentozinho de amor, abranda a febre, amorna o chá.
Pra que ir sempre de comida quente, café pelando? Espera. pouca hora esfria, meu bem. E, quando menos se pede, menos se vê, foi toda a dor, todo o sentir. Muda o tom. Outra saudade.
Vem, chega, liberdade! Traz a minha primavera, com flores e tudo! Daqui a pouco vem calor de novo! Vem, amor, mas vem noutra copa, nova melodia, noutro tempo, noutras pessoas.
Eu vou te seguir. Serei eu. Porém, outra, novinha em folha, meio madura, meio aprendiz, porque ninguém há de dizer que não senti. Que não fui eu, a sós, naquela embarcação. Serei eu também, nova alma pra dar.
Amanhã meu tapetinho vai secar. E vocês, pezinhos, e tu, coração, nem lembrarão desse frio de agora.
Sonhos calmos pra um dia.
Que assim seja, Tempo.
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