VISITA

Uma borboleta, no meu quarto,
a essa hora?

Bem se vê. Está mais insone do que eu.

Mas por que, se tens o seu céu?
Se tens o voo das luas pequenas?

As pessoas sofrem. Eu morro.
Um dia a mais, uma dor a menos.

Está tudo bagunçado:
há um quê de fora de lugar,
minha cara
Estás longe das asas diurnas!

Temos o mesmo desencontro
De mãos e patas de apertos vãos

Tenho fome de manhãs lisas
E de madrugadas melhores

E tu? O que é de comida?
Acaso me trazes algo
Ou tenho eu que repartir o pão que não tenho
E a água que perdi?

De azuis e furta-cores também se constrói uma casa triste.

Se sobrevivermos a hoje, será um milagre.


Gilda.

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